30 julho, 2010

Meu Pai me envia seus anjos,
eles falam comigo através de outras bocas,
me escrevem com outras mãos,
Dizem:  Vai filho amado, Somos Um e o universo é a tua caixa de areia.
Vai! Brinca! Sede feliz e semeia isso a tua volta,
não te preocupa, a dor não é eterna, Eu Sou.

Desabafo

Estranho, já passei muita coisa, não mais que uns não menos que outros, somente diferentes. A cerca de dois anos havia me transformado em alguém seco, dessa secura surgiu confiança, e brotou uma sensação calma  e difusa que, aos poucos se tornou amor, e eu amava viver, e queria realizar coisas, sonnhos e tudo mais, então há cerca de um ano atrás eu era homem cheio de paixão , pela vida por mim e por tudo, lutando com unhas e dentes concretizando sonhos... não que as coisas estivessem fáceis, não, não era isso literalmente tirava toneladas de merda de cima de mim todo dia, aguentava uma porrada atrás da outra, ou ao menos me levantava, digno, inteiro, mais forte.

Mas isso não é para sempre, comecei a perder as forças ficou cada vez mais difícil se levantar, até que me isolei para não ter que para, pois só tinha força pra rastejar e continuar em uma direção, perdi colegas, perdi amantes, me tornei amargo, fraco e vil. fiz o que tive que fazer, vi , um a um meus sonhos se desmoronarem, promessas serem desfeitas, premios serem negados, um coração remendado, ego ferido.

 Agora, novamente me encontro em torpor, diferente desta vez, situações estão graças a meus esforços, melhorando lentamente, pois ainda preciso aprender paciência,  a dor no meu peito é agora física e opressora, mas é umm preço que aceitei pagar, é algo com que aprendi a conviver e enfrentar, e por mais que às vezes ainda me mostre amargo, é porquê estou novamente rastejando, saindo novamente do poço , me recnstruindo reinventando, limpando o lodo grudado na minha alma, extirpando de mim tudo  o que não sou Eu.

Imagino que se do terreno infértil, do  homem destruído e destituído de poder, que havia se entregado a morte, que não possía mais vontade, nasceu o bravo que consuistou o mundo , que conheceu a vida, se aventurou no mundo, que amou e brilhou com a intensidade de um milhão sóis! Se a toda a natureza se renova pelo fogo, então que criatura agora emergirá desse solo depois da queima, que pessoa incrível e apaixonada serei desta vez, homem de poder imenso e mistérios insondáveis virá tomar o meu lugar?

Sim meus caros , estou voltando,  acabou o tempo de chorar pelo que fui, agora é a hora ser , novo, diferente e maior, jamais terei novamente nada daquilo, pois tudo foi preparação, tudo foi treino,  a Conquista começa agora!

28 julho, 2010

Mais pessoal que de costume

Poucas coisas me assustam tanto como o quanto lobo das estepes sempre me decreveu, uma parte particularmente estranha da minha personalidade é o aspecto abaixo, e , se pensando bem, até que não é tão horrível, e também não fixei data para o meu suícidio, fixei uma data semenlhante para minha saída da vida mundana, caso com ela tenha comprido as obrigações.




"...Outra era a de que pertencia ao grupo dos suicidas. E aqui é necessário esclarecer que não se devem considerar suicidas somente aqueles que se matam. Entre estes há suicidas que só o chegaram a ser por mero acaso, e de cuja essência do suicídio não fazem realmente parte. Entre os homens sem personalidade, sem características definidas, sem destino traçado, entre os homens incapazes e amorfos, há muitos que perecem pelo suicídio, sem por isso pertencerem ao tipo dos suicidas, ao passo que há muitos que devem ser considerados suicidas pela própria natureza de seu ser, os quais, talvez a maioria, nunca atentaram efetivamente contra a própria vida. O "suicida" - e Harry era um deles - não precisa necessariamente viver em relações particularmente intensas com a morte; isto se pode fazer sem que se seja um suicida. É próprio do suicida sentir seu eu, certo ou errado, como um germe da natureza, particularmente perigoso, problemático e daninho, que se encontrava sempre extraordinariamente exposto ao perigo, como se estivesse sobre o pico agudíssimo de um penedo onde um pequeno toque exterior ou a mais leve vacilação interna seriam suficientes para arrojá-lo no abismo. Esta classe de homens se caracteriza na trajetória de seu destino porque para eles o suicídio é a forma de morte mais verossímil, pelo menos segundo sua própria opinião. A existência dessa opinião, que quase sempre é perceptível já na primeira mocidade e acompanha esses homens durante toda sua vida, não representa, talvez, uma particular e débil força vital, mas, ao contrário, encontram-se entre os suicidas naturezas extraordinariamente tenazes, ambiciosas e até ousadas. Mas assim como há naturezas que caem em febre diante da mais ligeira indisposição, assim propendem essas naturezas a que chamamos "suicidas" e que sempre são muito mais delicadas e sensíveis à menor comoção, a entregar-se intensamente à coragem a autoridade suficientes para ocupar-se do homem, em vez de fazê-lo simplesmente no mecanismo dos fenômenos vitais, se tivéssemos uma verdadeira Antropologia, uma verdadeira Psicologia, tais fatos seriam conhecidos de todos.

O que foi dito acima a propósito dos suicidas só diz respeito obviamente à superfície; é psicologia, portanto uma parte da física. Do ponto de vista metafísico, o assunto aparece de outra forma e muito mais claro, pois, vistos assim, os "suicidas" se nos apresentam como perturbados pelo sentimento de culpa inerente aos indivíduos, essas almas que encontram o sentido de sua vida não no aperfeiçoamento e moldagem do ser, mas na dissolução, na volta à mãe, a Deus, ao Todo. Muitas dessas naturezas são inteiramente incapazes de cometer suicídio real, porque têm uma profunda consciência do pecado que isso representa. Para nós, entretanto, são, apesar disso, suicidas, pois vêem a redenção na morte e não na vida; estão dispostos a eliminar-se e a entregar-se, a extinguir-se e a voltar ao princípio.

Assim como toda força pode converter-se em fraqueza (e em certas circunstâncias deve fazê-lo, necessariamente), assim, ao contrário, o suicida típico pode fazer de sua aparente debilidade uma força e um escudo, o que acontece aliás com certa freqüência. A estes pertenciam também Harry, o Lobo da Estepe. Como milhares de seus semelhantes, fazia da idéia de que o caminho da morte estava pronto para ele a qualquer momento, não uma quimera juvenil e melancólica, mas antes encontrava nesse pensamento um apoio e um consolo.

É verdade que nele, como em todos os homens de sua espécie, cada comoção, cada dor, cada desesperada situação da vida, despertava imediatamente desejo de livrar-se de tudo por meio da morte. Mas, pouco a pouco, foi transformando em seu interior essa tendência numa filosofia que era, na verdade, propensa à vida. A profunda convicção de que aquela saída de emergência estava constantemente aberta lhe dava forças, fazia-o sentira curiosidade de provar seu sentimento até às últimas instâncias. E quando se via na miséria, podia às vezes sentir com furiosa alegria uma espécie de prazer em sofrer: "Estou curioso por saber até que ponto um homem pode resistir. E quando alcançar o limite do suportável, basta abrir a porta e escapar." Há muitos suicidas que extraem força extraordinária deste pensamento.

Por outra parte, a todos os suicidas é familiar a luta contra a tentação do suicídio. Cada um deles sabe muito bem, em algum canto de sua alma, que o suicídio, embora seja uma fuga, é uma fuga mesquinha e ilegítima, e que é mais nobre e belo deixar-se abater pela vida do que por sua própria mão. Tendo consciência disso, a mórbida consciência que é praticamente a mesma daqueles satisfeitos consigo mesmos, os suicidas em sua maioria são impelidos a uma luta prolongada contra o próprio vício. O Lobo da Estepe era bastante afeito a esse tipo de luta; nela já havia combatido com várias armas. Finalmente, aos quarenta e seis anos de idade, deu com uma idéia feliz, mas não inofensiva, que lhe causava, não raro, algum deleite. Fixou a data de seu qüinquagésimo aniversário como o dia no qual se permitiria o suicídio. Nesse dia, convencionara consigo mesmo, podia usar a saída de emergência, segundo a disposição que demonstrasse. Então poderia ocorrer-lhe o que fosse, enfermidades, miséria, sofrimentos e amarguras, que tudo teria um limite, nada poderia estender-se além daqueles poucos anos, meses e dias, cujo número era cada vez menor. E na realidade suportava agora com mais facilidade males que antes o teriam atormentado profundamente, males que o teriam comovido até as raízes. Quando por qualquer motivo as coisas iam particularmente más, quando novas dores e perdas se vinham juntar à desolação, ao isolamento e ao desespero de sua vida, podia dizer aos seus algozes: "Esperai mais dois anos e eu vos dominarei." E logo se punha a imaginar o dia de seu qüinquagésimo aniversário, quando, logo pela manhã, começariam a chegar as cartas de felicitações, enquanto ele, tomando da navalha, despedir-se-ia das dores e fecharia a porta atrás de si. Então a gota das juntas, a depressão do espírito e todas as dores de cabeça e do estômago poderiam procurar outra vítima..."

Herman Hesse - O lobo das estepes